Psicoterapia Analítica Funcional (FAP)

Ester Bergsten Mendes Pereira

A Psicoterapia Analítica Funcional, conhecida como FAP, pertence à chamada terceira onda das psicoterapias cognitivo-comportamentais. É uma terapia que surgiu no início dos anos 1990 nos Estados Unidos. Foi desenvolvida por Robert J. Kohlenberg e Mavis Tsai, que uniram um sólido conhecimento teórico à experiência clínica acumulada por eles ao longo dos anos.

O que a FAP tem de diferente das demais terapias? Ela direciona o foco de trabalho sobre a relação terapeuta-paciente como meio de proporcionar mudança nas queixas trazidas pelo paciente. Entende-se que o modo como o paciente age, fala e se coloca na sessão pode ser semelhante ao modo como ele o faz na sua vida cotidiana.

Os comportamentos que ocorrem ao vivo e a cores com o terapeuta e que têm relação com o motivo que levou a pessoa a buscar terapia são chamados de comportamentos clinicamente relevantes. Esses comportamentos são o foco principal da FAP.

Durante uma sessão FAP, o terapeuta:

1) Fica atento para detectar a ocorrência desses comportamentos na sessão. Assim, por exemplo, se uma pessoa procura psicoterapia para aprender a lidar melhor com a ansiedade, é provável que comportamentos ditos ansiosos também ocorram ali com o terapeuta. Falar num ritmo muito acelerado e com poucas pausas ou olhar no relógio várias vezes durante a sessão podem ser exemplos do comportamento ansioso acontecendo na própria sessão de terapia. A fim de se verificar se esses comportamentos estão, de fato, presentes na sessão, são feitas perguntas como “Esse incômodo que você está me contando já aconteceu alguma vez aqui comigo? Ele está ocorrendo agora?”

2) Faz intervenções de modo que os comportamentos ligados à queixa do paciente ocorram na presença do terapeuta para que possam ser trabalhados ali, no momento exato em que o comportamento ocorreu. É mais eficaz trabalhar o comportamento no momento em que ele ocorre do que a partir de relatos que o paciente traz sobre esses comportamentos acontecendo no seu dia a dia fora da terapia. Se, por exemplo, uma pessoa tem dificuldade em expressar sentimentos, o terapeuta poderia pedir para ela dizer como se sente em relação à terapia, e trabalhar as dificuldades e o incômodo que surgissem a partir desse pedido.

3) Trabalha junto com o paciente esses comportamentos que ocorrem na sessão, procurando saber como o paciente se sente ao fim da sessão. Mais que isso, o terapeuta discute junto com o paciente as melhoras observadas na terapia, incentiva que as melhoras continuem ocorrendo e pensa em como elas podem passar a ocorrer também no cotidiano do paciente. Se o paciente compreende seu próprio comportamento, existe uma maior probabilidade de que a melhora também ocorra em contextos semelhantes fora da sessão, na rotina diária da pessoa.

A FAP se baseia em uma relação profunda de confiança e respeito entre o paciente e o terapeuta. Sentir-se seguro e aceito na relação com o terapeuta é fundamental para que a pessoa consiga se expor e entrar em contato com questões por vezes tão difíceis e tenha coragem para mudar o que sente que precisa ser mudado. A FAP é uma das abordagens utilizadas pelos psicoterapeutas do Núcleo Interface de Psicologia Clínica.

Referências:

Kohlenberg, R. J., & Tsai, M. (2001). Psicoterapia analítica funcional: criando relações terapêuticas intensas e curativas. Santo André: ESETec Editores Associados.
Tsai, M., Kohlenberg, R. J., Kanter, J. W., Kohlenberg, B., Follete, W. C., & Callaghan, G. M. (2011). Um guia para a Psicoterapia Analítica Functional (FAP): consciência, coragem, amor e behaviorismo (F. Conte, & M. Z. Brandão, trads.). Santo André, SP: ESETEc Editores Associados.